A história de Guardinha
Nas primeiras décadas do século XIX, o comércio entre as cidades de São Simão (SP), Batatais (SP), São Sebastião do Paraíso (MG) e Passos (MG), principais núcleos populacionais da época era realizado pelo “caminho” que passava ao lado do “Morro da Mesa”, marco divisório entre as províncias de São Paulo e Minas Gerais, e seguia ruma a Fazenda Sapé (São Sebastião do Paraíso), estendendo-se até Passos, Jacuí e outros centros dessa região do nosso estado.
Onde hoje está situado o distrito de Guardinha, existia um Posto Fiscal mineiro, onde trabalhavam um fiscal, dois Soldados e um Cabo, formando na linguagem popular uma “guardinha”. Então os moradores de sítios e fazendas vizinhas, para facilitar a localização de suas propriedades diziam: “Moro perto da guardinha”. Com o passar dos anos Guardinha, passou a denominar todo aquele lugar.
“Senhor Bom Jesus” um milagre ou obra do destino?
Vivia em São Sebastião do Paraíso, por volta de 1890, um bom e conceituado carpinteiro, chamado João Marceneiro. Em seus momentos de folga, resolveu entalhar, na madeira uma imagem do Senhor Bom Jesus, santo de sua devoção. Quando terminou a obra, mostrou ao Pároco Pe. Thomaz d' Affonseca e Silva, para que a benzesse, mas o padre se recusou a fazê-lo alegando a falta de estética. Tal recusa magoou muito o coração de João Marceneiro, que não conseguiu destruir a imagem e na primeira oportunidade de realizar um trabalho próximo a Guardinha, resolveu desfazer de sua obra, de uma forma honrosa, jogou-a nas águas do Córrego dos Coqueiros. Tal fato ficou conhecido por todos os moradores da região.
Algum tempo depois o senhor Francisco Daniel da Silva natural de Lavras, MG, nascido em 1852 casado com dona Maria Umbelina da Conceição, morador da Fazenda Morro Alto, voltando de Guardinha perdeu um machado de estimação. Como era muito devoto do Senhor Bom Jesus, em suas orações fez um voto ao santo: “se encontrasse o machado procuraria a imagem jogada no córrego dos Coqueiros, e depois construiria uma capela em sua devoção”.
No dia seguinte, quando seu filho José Daniel retornava da escola, passando pelo caminho tantas vezes percorrido pelo pai, ele encontra o machado perdido.
Francisco Daniel, como havia prometido reuniu todos seus amigos e foram à procura da imagem do Senhor Bom Jesus. Após várias horas de procura a imagem foi encontrada soterrada nas areias do Córrego dos Coqueiros.
Alguns meses depois uma humilde capelinha foi construída, no mesmo local onde se encontra a Igreja Matriz Senhor Bom Jesus.
Hoje os moradores da cidade e visitantes de toda a região, se reúnem no dia 06 de agosto (Dia do Senhor Bom Jesus) para louvar e agradecer inúmeras benções ao Santo padroeiro.
FUNDAÇÃO
Guardinha se estendeu sobre um belo planalto, disposto na direção norte-sul, adornado, não muito longe pela serra da Cobiça, Morro Alto, Morro da Messa, Morro da Rosca. Morro do Meio e outros.
Guardinha surgiu de um ato de manifestação de liberdade e profundo sentimento religioso de seus fundadores, o casal Francisco Daniel da Silva e Dona Maria Umbelina da Conceição.
Depois de casado, continuaram residindo em Goianazes (Peixotos), numa fazendinha dos sogros. Quinze anos depois, já tendo adquirido filhos, mudaram-se para a Fazenda Morro Alto onde permaneceram cerca de 5 a 6 anos. A seguir, fixaram residência no local chamado Guardinha, acima referido, onde dois anos após, adquiriu cerca de cinco alqueires de terras de campo.
A partir de então arquitetou Francisco Daniel construir uma capela comunitária. Com muito sacrifício amealhou meios e, com a ajuda de outros moradores do lugar, conseguiu construí-la. Sua recompensa veio logo a seguir ,quando à frente de seus familiares vizinhos e demais amigos ,foi celebrada a primeira missa na recém construída capela pelo padre Elias de Morais Nazarro.
Criação do Distrito
Pelo Decreto Estadual nº. 850, de 07/07/1923, o então povoado foi elevado à condição de Distrito. Entretanto, a efetivação de tão importante ato só aconteceu no dia 08/11/1925 entremeio a importantes e calorosos festejos. Apesar de já se passarem mais de oito décadas, apenas a partir de 1998, é que todos os anos ocorre no distrito comemoração desse histórico acontecimento.
Geralmente as comemorações contam com a presença atuante da Escola Municipal Francisco Daniel e do Centro de Educação Infantil Frei Bruno Rodriguês.
Morro da Mesa
A 3 km de Guardinha, se localiza o encantador Morro da Mesa, com uma capela, onde anualmente é realizada a Festa em louvor a “Santa Cruz “(3 de maio), que ocorre no final de semana mais próximo do “dia santo”( como dizem os guardinhenses ).
Este morro serve de divisa entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo. Lá em cima está o “Marco divisório”.